Meião cinza do Botafogo: quando o time começou a usar meias cinzas?

O Botafogo é, desde o início de sua história, um dos maiores e mais tradicionais alvinegros do futebol brasileiro. Fundado em 1904, o clube esbanjava o preto e o branco estampados em sua camisa, cores essas que viriam a ser um sinônimo de vitória nas décadas seguintes, garantindo o carinhoso apelido de Glorioso ao clube.

Ainda que o Glorioso seja fielmente ligado às cores alvinegras até os dias atuais, houve um momento em sua história em que um outro tom escuro passou a ser marcado em seu uniforme. A cor em questão é o cinza.

A nova cor surgiu como uma homenagem a uma das figuras históricas mais importantes do país, e também passou a ser lembrada como uma das maiores fontes de sorte da história do clube, acompanhando ídolos do Glorioso em grandes conquistas.

A origem do meião cinza do Botafogo

No dia 24 de agosto de 1954, um trágico evento marcou para sempre a história do Brasil. A data é lembrada como o dia em que Getúlio Vargas, presidente do país naquela época, cometeu suicídio em meio a uma crise política, saindo desta vida para entrar na história, como ele mesmo disse em sua última carta.

Na ocasião, a Federação Carioca de Futebol tinha a intenção de adiar a 2º rodada do Campeonato Carioca daquele ano, decretando um estado de luto oficial pela morte do presidente. Foi decidido, porém, para evitar o adiamento da rodada, que os times passariam a jogar com uma faixa preta em seu uniforme e prestar um minuto de silêncio antes das partidas, em memória a Getúlio.

Diante da decisão, o Botafogo, que sempre se colocou à vanguarda de tais acontecimentos, julgou que o uso de uma faixa preta não era o suficiente para honrar o falecido presidente. Eis então que o clube decidiu, pela primeira vez em 50 anos de história, que usariam um meião cinza em seu uniforme.

A estreia da nova cor aconteceu na partida contra o Madureira, em Conselheiro Galvão, na qual o Glorioso ganhou por 2X0. Com a primeira vitória usando os novos meiões, o Botafogo viria a usar o cinza em outras felizes ocasiões para o clube.

Um dos maiores destaques do time com a nova peça de uniforme aconteceu em 1957, quando, vestindo o cinza, o Botafogo se consagrou campeão do Campeonato Carioca. Neste momento, a cor passou a ser sinônimo de sorte, já que acompanhou os melhores momentos de craques como Garrincha, Nilton Santos, Didi, entre outros.

Apesar dos bons momentos, as meias cinzas desapareceram no final da década de 1970, voltando a ser usadas somente em 1993, justamente no ano em que o Glorioso conquistou a Copa Conmebol (equivalente à Copa Sul-Americana nos dias atuais) e duas temporadas após a conquista do Campeonato Brasileiro.

Após esse período, os meiões da sorte foram novamente pendurados. Entre as temporadas de 2003 a 2009, o time passou a usar meias brancas em seu uniforme, o que parecia ser um adeus ao cinza antigo.

Naquele mesmo ano de 2009, porém, a nova diretoria do clube reintroduziu os meiões cinzas ao uniforme, por conta de uma promessa a uma campanha eleitoral na época, reacendendo de vez o antigo talismã do Glorioso.

Em 2014, foi lançado pela primeira vez na história do Botafogo um uniforme inteiramente cinza, intensificando de vez a identidade do clube com a cor. Apesar dos sucessos anteriores, a estreia do novo uniforme garantiu somente um empate para o Glorioso, na partida contra o Cruzeiro, no Estádio do Maracanã, com 1X1 no placar.

O Botafogo voltaria a usar o novo uniforme no dia 23 de agosto de 2014 em uma partida contra a Chapecoense, na qual o Glorioso venceu por 1X0. A ocasião, porém, ficou marcada por um gesto que não foi planejado pelo clube.

No dia seguinte àquela partida, seria celebrado o 60º aniversário da morte de Getúlio Vargas, justamente o acontecimento que deu início à relação do Botafogo com a cor cinza. Ainda que o uso do novo uniforme não tenha sido intencional na partida contra a Chapecoense, o momento passou a ser referenciado como uma grande homenagem ao falecido presidente.