John Textor diz ser tratado “como rei” no Rio e pede liga mundial com Botafogo e Palmeiras
Dono da SAF do Botafogo e do Lyon, e coproprietário do Crystal Palace, John Textor falou sobre sua relação com o Alvinegro e a torcida organizada em entrevistas na quinta (29) e na sexta-feira (1º), em Londres. O empresário disparou para todos os lados.
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Na quinta, em um painel sobre futebol promovido pelo jornal inglês Financial Times, Textor explicou que seu “trabalho é forçar a colaboração amorosa” em todos os seus clubes.
“Se o meu olheiro no Brasil não for próximo do meu olheiro na França, então tenho os olheiros errados. Somos uma organização muito centrada no olheiro“, contou o norte-americano, dono da holding Eagle Football.
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Textor também pediu a criação de uma liga mundial de futebol. “Acredito que o mundo quer jogar futebol. O Botafogo quer vir para a Europa e jogar com os melhores“, disse o empresário, um dos palestrantes do evento.
“Quero que o mundo jogue, que o New England Revolution tenha a chance de vencer o Chelsea, quero que o Palmeiras venha”, acrescentou.
“Sou a favor de uma liga mundial, algo ‘super’, mas sou a favor de ligas nacionais“, afirmou.
Rei do Rio
Nasexta, Textor revelou em entrevista ao Financial Times que sua relação com o Botafogo começou promissora, mas descambou para ameaças de morte.
“Eu vou ao Rio e sou tratado como um rei em todos os lugares que vou“, disse ele sobre seus primeiros dias no comando do clube carioca.
“Por conta da venda de um jogador, tive que mudar meu número de telefone”, acrescentou. “Não dá para acreditar o quão rápidas e reativas as coisas podem ser”.
Depois da venda de Jeffinho para o Lyon, também de propriedade da Eagle Football, botafoguenses se sentiram traídos e passaram a ameaçar o empresário.
Além do time francês e do Botafogo, a Eagle é dona do RWD Molenbeek, da 2ª divisão belga, e detém cerca de 40% do Crystal Palace, da Premier League.
John Textor também argumentou ao jornal britânico que investidores como ele fazem um contraponto a bilionários e Estados que são proprietários de clubes de futebol.
“Não estamos falando sobre ser um demônio de Wall Street”, ponderou. “É uma forma de propriedade que se aproxima muito da propriedade comunitária”, argumentou.
“É fácil para as pessoas dizerem que os americanos são ruins, que o (sistema) multiclubes é ruim”, afirmou Textor ao FT. “Eu entendo, os torcedores não me conhecem e não conhecem meu coração. Eles acham que só sou um cara do dinheiro”, concluiu.
“Não trabalho para torcedores organizados”
Em entrevista à BBC, publicada na quinta-feira, Textor foi cândido ao responder sobre a crítica dos torcedores e sua relação com os clubes que controla.
“As pessoas dizem que querem a propriedade e a transparência dos torcedores, mas não há nada mais transparente do que uma empresa pública dos EUA que divulga contratos importantes em quatro dias”, afirmou.
“Aparentemente, os ultras do Crystal Palace não gostam do capitalismo. Então, fui conversar com eles sobre isso. Eu os encontrei no Selhurst Park e eles disseram: “John, você comprou o Lyon, você está ciente da política dos seus ultras no Lyon?'”.
“Eu disse: “Deus, não, o que são eles?”.
“Eles disseram: ‘eles são de direita, e nós do Palace somos de esquerda’. Bem, eu não me importo, isso não tem nada a ver com futebol”, contou o empresário.
“Trabalho para o torcedor anônimo que não conheço, que tem 10 anos de idade e que ama o clube porque seu pai ama o clube. Eu não trabalho para os torcedores organizados“, sublinhou.