Impossível não se emocionar com a história que o Tchê Tchê contou

Tchê Tchê, de 31 anos, é atualmente um dos líderes do Botafogo, tanto dentro quanto fora de campo. 

Em uma entrevista emocionante ao programa “Jogando Em Casa”, da Botafogo TV, o jogador compartilhou suas reflexões sobre sua carreira e a importância de manter os pés no chão. Para saber mais detalhes acompanhe as informações a seguir no Portal do Botafoguense.

Tchê Tchê relembra promessa ao assinar com o Botafogo e se emociona com trajetória: “É muito difícil chegar, se manter é ainda mais

Claro que você tem o momento que dá empolgada, o início, porque não tem como, sai do zero para dez muito rápido. Às vezes você tira o pé do chão um pouco, é o que converso com os mais novos quando cometem erros. Não sou aquele cara que vai ficar motivando igual o Marlon (Freitas), que tem o dom da palavra, incrível, o jeito de conseguir contagiar, fazer a pessoa sentir aquela vontade. Não sou esse cara, acredito que tem outros tipos de liderança, não só assim, tem as como exemplo, os que falam mais calmo, liderança técnica… O principal é saber voltar para as raízes, se manter com os pés alinhados no chão. O início foi tudo muito rápido, não tinha noção do que estava acontecendo, seja de sair da rua, de rede social. No início eu não tinha muita noção, depois fui passando a entender. É muito difícil chegar, mas se manter é o que é mais difícil. Chegar pode ser um bom campeonato, contar com certa sorte, estar inspirado em um dia e alguém ver, mas se manter em alto nível durante vários anos é o mais difícil. Manter a regularidade”, declarou Tchê Tchê.

Durante a entrevista, Tchê Tchê também relembrou momentos marcantes de sua vida, incluindo a mudança significativa proporcionada pelos primeiros bons contratos no futebol. Ele contou como a sua estabilidade financeira permitiu retirar seus pais de uma situação difícil, mas também destacou a importância de manter as raízes e a humildade.

A primeira coisa foi que tiramos eles (pais) de lá. Mas foi quando percebi que íamos nos estabilizar realmente, por ter passado o primeiro ano no Palmeiras e ter renovado. Fui por um valor, no fim do ano já estava o dobro, porque era por metas. Só não joguei um jogo nesse campeonato (Brasileirão 2016), contra o Botafogo, que jogava no campo da Portuguesa-RJ, perdemos com gol do Neilton. No ano seguinte, quando renovei, diversas vezes, passamos a morar em outro lugar, eu voltava a Guaianases, parava o carro na frente da casa e começava a chorar. Ia lá e via todo mundo igual. Por que Deus escolheu? Entrego tudo a Deus, por isso falo que é por sonho, não por dinheiro. Minha motivação sempre foi o sonho da torcida gritar meu nome, ter história e identificação em um clube, mas lá as pessoas vivem iguais. Poderia ser eu, poderia ser a gente, a nossa família. Teve uma vez que Rhavier não estava querendo comer, só gelatina e bisnaguinha. Pedi a meu pai e minha mãe para contarem histórias para ele, porque quando eu era pequeno não tinha isso, era o arroz e o feijão. Sou muito grato ao meu pai e minha mãe, mas gelatina e bisnaguinha é luxo. Até hoje em Guaianases é luxo, que dirá estudar em escola particular ou algo do tipo. Sempre deixamos as raízes lá, as pessoas às vezes confundem meu jeito, no sentido de achar que sou arrogante, metido, e não é. Sou de poucas palavras, de poucos amigos, mas os que tenho são de verdade. Sou bem sincero, direto, falo o que penso, cara a cara. Se tiver que fazer uma crítica, nunca vou fazer para agradar ninguém, mas o que me enche o coração e os olhos. Vou fazer o que me sentir à vontade quando me sentir à vontade para tomar certa atitude”, explicou Tchê Tchê.

Tchê Tchê também revelou uma história surpreendente que marca sua ligação com o Botafogo. Ele compartilhou como uma visão de um pastor amigo previu sua vinda para o clube, mesmo quando ele ainda estava no Atlético Mineiro.

Quando saí do Galo, acima de qualquer religião, respeito todas, temos a nossa. Viemos para cá debaixo de uma promessa. Um pastor amigo nosso tinha dito que tinha tido uma visão, que morávamos em um lugar claro, que não enxergávamos a areia do mar, parecia que estava em um navio, foi na segunda semana que cheguei ao Galo, que era um sonho para mim. Eu tinha sonho de jogar lá, tinha um dia que jogar lá, trocava camisa. Era o início da realização de um sonho, não sabia a maravilha de títulos, de tudo que íamos ganhar. Falei “Deus podia errar dessa vez com o pastor né?”, porque querendo ou não foi meio que uma afirmação de que seria passageiro. Deu para nós essa visão. Quando estava para encerrar o contrato, fui falar com o Rodrigo Caetano, iríamos estender o contrato mais um pouco para eu voltar para o São Paulo em condições de atuar. Ele falou “vê se não vai andar a parada do Botafogo”. Até por ter o Botafogo de Guaianases, era uma coisa que eu gostava, vestia a camisa, já tinha aquele conhecimento legal, mas não me via jogando no Rio de Janeiro. Até porque quando pensamos em Rio de Janeiro temos outra ideia, do que passa na TV, crime, tiro, mas quando chegamos descobrimos outro Rio de Janeiro. Ficamos com isso na cabeça. Rodrigo Caetano disse que tinha proposta do Botafogo, no fim do dia eu estava assinando contrato online. No fim do dia fomos ver a casa. Teve um imbróglio no início, quando sentamos na mesa falei que não iria insistir se o rapaz não quisesse alugar o apartamento. “Entramos aqui, sentimos paz, estamos embaixo de uma promessa, Deus prometeu que vamos morar em tal lugar, e é aqui”, completou.

Tchê Tchê se emocionou ao falar sobre sua trajetória e o papel que a fé e a família desempenharam em sua vida. Ele se sente grato e comprometido em retribuir ao Botafogo e à torcida por todo o apoio e confiança.