Goleiro Jefferson sofreu racismo e foi boicotado na Seleção Brasileira

Ídolo incontestável do Botafogo, o ex-goleiro Jefferson abriu o coração sobre um episódio marcante de racismo que enfrentou durante sua trajetória na Seleção Brasileira sub-20

Em uma revelação chocante, Jefferson revelou que foi barrado injustamente de uma convocação para o Mundial da categoria, em 2003, devido à cor de sua pele. Para saber mais detalhes acompanhe as informações a seguir no Portal do Botafoguense.

Ex-goleiro do Botafogo, Jefferson revela sofrimento por racismo na CBF durante passagem pela Seleção Sub-20

Segundo o ex-atleta, que na época era peça fundamental nas convocações da equipe treinada por Marcos Paquetá, o veto surpreendente veio de um ex-funcionário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 

“Estava praticamente decretado quem seriam os goleiros: eu, Fernando Henrique e Fabiano. Quando saiu a convocação para o Mundial, eu estava certo que meu nome estaria lá, e para a minha surpresa, não estava. Um mês atrás estava tudo certo!”, desabafou Jefferson.

O cancelamento inicial do Mundial devido a conflitos no Iraque acabou por adiar a competição, dando espaço para uma reviravolta no cenário. “Eu estava no banco do Max na Série B, então nem estava esperando. Então recebi uma ligação do Paquetá: ‘e aí, está preparado para voltar à Seleção? A gente ia te convocar lá atrás, só que a gente foi barrado, porque não poderia convocar goleiros negros. Tinha uma pessoa na CBF que falou que não poderia convocar. Essa pessoa saiu e agora podemos fazer o que quisermos'”, revelou o ex-goleiro.

Apesar do início como reserva, Jefferson conquistou seu espaço durante o torneio e foi fundamental na conquista do título, com a Seleção Brasileira sub-20 derrotando a Espanha na final. O time contava com talentos como Daniel Alves, Fernandinho, Kleber Gladiador e Nilmar.

Este não foi o único momento em que Jefferson enfrentou discriminação no futebol. Durante sua passagem pelo Cruzeiro, também em 2003, encontrou resistência por parte da diretoria do clube, que chegou a preferir um perfil de goleiro específico. “O técnico da época, Luiz Felipe Scolari, chegou a afirmar que um membro da diretoria ‘preferia um goleiro loiro, alto, porque achava mais interessante'”, lembrou Jefferson.

Apesar dos obstáculos, Jefferson teve uma carreira brilhante, especialmente no Botafogo, clube onde viveu suas melhores temporadas, divididas entre 2003-2005 e 2009-2018. Sua dedicação e talento o levaram à Seleção Brasileira principal, onde acumulou 22 partidas entre 2010 e 2015, mostrando que talento e determinação superam barreiras.