Árbitra abre o jogo e confirma que prejudicou o Botafogo
Depois de 17 anos, a ex-assistente Ana Paula Oliveira admitiu um erro na anulação de um gol do Botafogo na partida contra o Figueirense, na Copa do Brasil de 2007.
Na semifinal, em que o Botafogo venceu por 3 a 1, dois gols do Glorioso foram anulados, mas Ana Paula reconhece que cometeu um equívoco em apenas uma das jogadas. Para saber mais detalhes acompanhe as informações a seguir no Portal do Botafoguense.
Ana Paula Oliveira admite erro em gol anulado de Botafogo x Figueirense na Copa do Brasil
“No ano anterior eu tinha feito a final Vasco x Flamengo, no Maracanã, pela Copa do Brasil, realização de um sonho. No ano seguinte, sou convocada para atuar na semifinal, Botafogo x Figueirense. O Botafogo tinha perdido por três gols de diferença no primeiro jogo (Nota da Redação: 2 a 0, na verdade), nosso querido Mário Sérgio, falecido, era treinador do Figueirense. Éramos eu, Sálvio Spínola como árbitro e Ednilson Corona como o outro assistente. Acontecem duas situações fatídicas, uma lance muito fino, ajustado, admito que demorei para aceitar o erro. Foi tão milimétrico que no campo tinha certeza que tinha acertado. Depois tenho que reconhecer que não. Se tivesse VAR eu estaria atuando até hoje, porque tenho idade para estar no campo do jogo. Não tinha VAR, acabei me equivocando. Não é uma jogada simples, tinha um jogador em posição, outro chuta a gol, o goleiro faz a defesa e volta para o companheiro, que na minha percepção estava com joelho à frente. Foi milimétrico, de dez centímetros. Imagina o que são dez centímetros a olho nu, só com uso da ferramenta VAR – declarou Ana Paula, ao podcast “MunDu Meneses”, da ESPN Brasil.
Em relação ao outro gol anulado, Ana Paula defende sua decisão, explicando que o jogador Dodô, do Botafogo, interferiu na jogada ao assustar o goleiro.
“O outro lance entendo que acertei, Dodô estava no jogo, me sacaneia até hoje. Foi uma situação em que a bola é batida para o gol, o goleiro faz movimento para defender, tinha condições, mas o jogador por trás dele corre e o assusta. Ele que ia fazer a defesa limpa joga para o próprio gol em função de ter sido surpreendido pelo jogador em impedimento. A regra fala em interferir no adversário. Ali marco o segundo impedimento, segundo gol anulado no Maracanã, aquele coro maravilhoso de mais de 70 mil me ofendendo em um canto de mais de 15 minutos. Não é legal, mas aconteceu”, relembrou.
A ex-bandeirinha também revelou sua frustração com as críticas de Carlos Augusto Montenegro, então dirigente do Botafogo, que fez comentários machistas e sexistas sobre ela.
“O pior veio depois. Você está falando de desconsiderar o humano, a figura da mulher, quando um dirigente vai para a coletiva de imprensa, esquece de falar do jogo. Inclusive houve erro do goleiro dele. Mas ele se limita a falar da minha pessoa, do fato de eu ser mulher, não estar capacitada, chegou a dizer que eu estava no meu ciclo menstrual e que isso teria afetado minha capacidade. Foram palavras e discurso machista e sexista. Caberia um grande processo hoje, eu teria retorno financeiro. Naquela época tínhamos medo de entrar com ação contra dirigente e sermos retaliadas. Eu deveria ter feito, porque deixei de trabalhar da mesma maneira. O dirigente e o clube tinham tanta influência na confederação que meses depois perco meu escudo internacional e sou tirada do quadro nacional. Tenho aprendido diariamente com futebol, altos e baixos, agradeço as adversidades, me fazem crescer como pessoa. Durante seis ou sete meses tive meu nome lançado no ar, minha família sofreu muito. Mas é aprendizado. Me fortaleceu”, acrescentou.
Atualmente, Ana Paula Oliveira trabalha como palestrante e comentarista na RedeTV. Ela também compartilhou sua decepção ao ser demitida da presidência da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF) em 2023 e retirada do cargo de instrutora da arbitragem da Fifa em 2024.
“Eu vivi dois momentos dolorosos na minha carreira como árbitra e gestora. Foi em 2007, quando eu perco o escudo da Fifa e foi no início desse ano (2024), quando pela decisão de um homem é me tirado o direito de seguir ensinando no cenário internacional como instrutora Fifa. Dois gostos amargos que tive na carreira, em 2007 e em 2024, em fevereiro. Não passou por competência, não passou por validar a Ana Paula como profissional, passou por decisões políticas, pautadas no poder de um homem, que a gente precisa respeitar, eu já tive o poder da caneta, é difícil tomar decisões. Não partiu da Conmebol, partiu do Brasil, e eu tenho que respeitar” completou.