Arnaldo Cezar Coelho mandou a real sobre as reclamações do John Textor com a arbitragem

O ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho criticou recentemente a postura de John Textor, dono do Botafogo, em relação às constantes reclamações sobre a arbitragem. 

Em uma entrevista ao “Charla Podcast”, Arnaldo evitou comentar diretamente os incidentes do jogo entre Botafogo e Palmeiras pelo Brasileirão 2023, mas expressou seu desacordo com a forma como o empresário norte-americano lida com a situação.

Arnaldo Cezar Coelho alerta sobre integridade na arbitragem e critica postura de John Textor

Eu não concordo com a forma que o presidente, o dono do Botafogo, se porta. Vocês já viram jogo do Lyon? As lambanças de arbitragem que tem lá? Já viram na Inglaterra? Abre a boca para falar… Para que transferir a responsabilidade para bode expiatório? O cara não vai nunca falar que o time dele perdeu gol, que o goleiro tomou frango, que ele substituiu erradamente. E tem a impunidade. Você já viu jogador ser punido com rigor? Não, porque existe efeito suspensivo”, afirmou Arnaldo.

Durante a entrevista, Arnaldo também compartilhou histórias reais sobre as diversas formas de aliciamento a árbitros, ressaltando a necessidade de integridade e cuidado para evitar qualquer tipo de influência externa.

Quando eu apitava, cheguei em São Paulo, falaram ‘aqui o mercado é difícil, o cara ganha fruta, quando abre está cheio de dinheiro, o cara ganha uma caixa de sapato em casa, é grana. Tem que ter muito cuidado’. Eu falei ‘Mas como? Eu não tenho amigo aqui, minhas companhias são Varig, Cruzeiro do Sul, Sadia, Transbrasil e Vasp’ porque era ponte aérea, ia apitar e voltava. Você não pode abrir guarda, ir para botequim, juiz de futebol tem que evitar esse tipo de convívio, festa de federação, ficar amigo de dirigente. Não é grana, é tráfico de influência. Não basta ser honesto, tem que parecer ser honesto para evitar esse tipo de conversa. Se tiver que dar pênalti, dá pênalti. Se tiver que expulsar, expulsa. Porque se você se acomodar, perde a credibilidade”, explicou Arnaldo.

Arnaldo também mencionou situações em competições internacionais, como Libertadores e Eliminatórias, onde árbitros eram alvo de tentativas de aliciamento através de presentes e outras formas de influência. Ele enfatizou a importância de manter a integridade e credibilidade na profissão.

Vocês não imaginam o que os caras fazem. Tinham jogos da Libertadores ou das Eliminatórias, você ficava no hotel, os caras sabiam que os árbitros ficavam no oitavo andar, botavam umas meninas interessantes lá. Aí o cara descia no elevador, a menina começava a olhar, o cara pensava ‘estou agradando’. Era tudo mandado por dirigentes de clubes, de federação. E tinha cara que se achava. É um perigo. Você tem que se blindar. É igual jornalista. Me lembro que quando comecei a apitar, no primeiro jogo em São Paulo, sentou um cara na cama do hotel, falou ‘Arnaldo, posso ficar aqui um pouco? Minha diária terminou, meu avião sai 17h’. Esse cara era o secretário geral da CBD no auge, sabia toda malandragem de futebol possível. Disse que me conhecia e que se eu quisesse carreira longa teria que ser duro, expulsar, dar pênalti, mas que se quisesse me acomodar, ser amigo de dirigente, pegar um troco ali, um convite para festa, ia demorar um ano e perder a coisa mais importante da vida, a credibilidade. Errei como todo mundo errou, mas tinha credibilidade. É um rótulo de refrigerante que tem nome, que as pessoas respeitam. A primeira coisa é dar credibilidade à arbitragem. Perder a confiança é a pior coisa que tem”, contou Arnaldo.

A declaração de Arnaldo Cezar Coelho traz à tona a complexidade do ambiente do futebol e a necessidade de transparência e honestidade, destacando o impacto que a conduta de dirigentes pode ter na percepção pública sobre a arbitragem.